sábado, 2 de janeiro de 2010

Felício fala em dedicação e humildade para 2010


Felício Aparecido da Cunha, 46 anos, natural de Caconde, São Paulo, está há cerca de um mês no comando técnico do XV de Jaú. Terá como missão tentar levar o Galo à Série A-2 do Campeonato Paulista. Para isso, desde sua chegada, prega a realização de um trabalho de acordo com as condições do clube, sem sonhos e promessas impossíveis, com muita dedicação e humildade.
O treinador, mesmo sabendo das condições modestas do XV, aceitou o convite do atual presidente do Galo, José Antonio Construtor de Oliveira, para dirigir a equipe em 2010.
Felício fala que a competição é disputada em dois campeonatos diferentes. A primeira meta é chegar entre os oito primeiros colocados, que ele classifica como uma competição. A outra meta é ficar entre os quatro que sobem à Série A-2, o que é um torneio completamente diferente.
“Sabemos que o importante é chegar entre os oito primeiros colocados, sem necessariamente estar na frente, na ordem de chegada. Até mesmo porque a segunda fase passa a ser uma nova disputa. E, quem quer chegar, não tem de ficar escolhendo adversário. Estamos trabalhando com muito amor, união e determinação. E com a união de todos dentro e fora de campo temos tudo para colher bons frutos no futuro. Só com o trabalho de todos, um trabalho em equipe, a gente consegue nosso objetivo”, diz Felício Cunha.
O técnico já trabalhou no estádio Zezinho Magalhães, em 2005, quando faltou pouco para conquistar o acesso para a Série A-2 do Campeonato Paulista. Na época foi substituí-do pela diretoria, comandada pelo ex-presidente Irineu Stripari e pelo ex-diretor de futebol João Brandão do Amaral, atual vice-prefeito de Jaú pelo PTB.

Histórico

Em 2005, Felício foi substituído pelo treinador Edson Só, que só comandou o Galo nas três últimas partidas do segundo turno da A-3. Na última rodada, jogando apenas pelo empate em Jaú para garantir o acesso à A-2, contra o Rio Claro EC, o XV perdeu de virada no último segundo do jogo e permaneceu na mesma divisão. Subiu em 2006 com o ex-treinador Doriva Bueno.
Em 2008, a equipe começou a jogar sob o comando de Doriva Bueno, que foi substituí-do por Marco Antonio Machado e, posteriormente, por Márcio Griggio. Mas quando Griggio assumiu, a equipe já estava praticamente rebaixada para a Série A-3, que disputou no ano passado.

Carreira

Como jogador, Felício Cunha iniciou a carreira no XV de Jaú, com 18 anos, na equipe júnior, o Galinho. Atuou pelo XV de 1982 a 1987. Voltou em 1993 e defendeu o Galo em mais uma temporada.
Depois, foi jogar em outros clubes. Em 1996 foi trabalhar de treinador no Japão, onde permaneceu até 2003. Ainda naquele ano foi trabalhar de assistente-técnico no Sertãozinho, que tinha como treinador Edson Só. Foram dois anos como auxiliar de Só. Em 2004, veio o acesso do Sertãozinho para a A-2.
Felício lembra que veio para o XV com o irmão, Sergio Cunha, em 1982. Enquanto jogou pelo Galo, foi treinado por Antonio Pedro, Chiva, Da Silva, José Galli Neto e José Duarte, entre outros, que passaram pelo comando técnico da equipe jauense.

Comércio do Jahu - Qual seu time do coração?
Felício Cunha - Bom, tenho muita gratidão ao XV de Jaú, devo muito a esse clube que me acolheu e me revelou para o mundo do futebol. Só tenho a agradecer. Agora, meu time do coração, é meu trabalho. Acima de tudo tenho de ser profissional.

Comércio - Com quantos atletas você pretende trabalhar?
Felício - Uma base certa seria de 30 jogadores, mas devo trabalhar com cerca de 28 atletas no elenco, contando com os três goleiros. Isso é o necessário.

Comércio - O elenco do XV hoje é jovem, com alguns mais experientes. Qual a faixa etária do time que você está montando?
Felício - É um grupo mesclado, contando com a juventude e a experiência. Você tem de ter também atletas expe-rientes no elenco, inclusive, para ser o suporte para a garotada. Acho que vai dar uma média de 22 a 23 anos.

Comércio - Como vai ser seu time tecnicamente?
Felício - Vai ser competitivo e em busca de um ideal.

Comércio - Gostou do regulamento da competição (da Série A-3)?
Felício - Sim. É o mesmo de 2009. Normal. E quem chegar precisa jogar e não tem de ficar escolhendo esse ou aquele. Agora, são dois campeonatos, ou seja, duas etapas. Vamos por etapa. Primeiro chegar entre os oito. Depois é um outro campeonato. O mais importante é chegar.

Comércio - Como será a estreia em casa logo na primeira rodada?
Felício - Temos de impor nosso ritmo de jogo. Em casa temos a obrigação de ganhar e estamos contando com o apoio dos torcedores jauenses, aqueles que realmente gostam do XV. Pois o XV é de Jaú, de toda a cidade. O começo é meio ruim, uma vez que nossa equipe vai jogar dois jogos seguidos fora de casa, na segunda e terceira rodadas. Então, seria importante ganhar em casa na estreia.

Comércio - Está contando com o apoio da torcida jauense?
Felício - Com certeza. Quero ver a torcida acreditando, como foi em 2005. Faltou pouco. Hoje a situação do XV é ainda mais modesta. Então, é preciso ter os pés no chão e viver a realidade atual do clube. Mas com trabalho, humildade, determinação e aquela corrente para frente. Contando com uma só união, dentro e fora de campo, temos tudo para buscar algo mais na competição.

Comércio - E os jogadores do próprio XV, serão aproveitados?
Felício - Estamos trabalhando para que esse seja nosso objetivo. Todos estão treinando e tendo sua oportunidade. Agora, tem de fazer por corresponder em campo nos treinos, jogos e coletivos. Quem tiver condição, vai jogar. Quanto a isso, podem ficar tranquilos. Os jogadores que estão no elenco terão chance, todos, sem distinção. Agora, só vai jogar quem estiver melhor no momento. O fato de eles estarem no grupo já é um fator que permitirá serem aproveitados. Depende do trabalho de cada um. Quem ganhar a oportunidade de jogar e mostrar serviço, vai continuar. É com essa filosofia que vamos trabalhar.

Comércio - Quando pretende ter um time definido para a estreia?
Felício - Vamos começar um trabalho forte após o dia 4 de janeiro, com coletivos e jogos-treino. Espero na semana da estreia estar com o time titular definido. A gente tem uma base de cada jogador e com os trabalhos com bola teremos um time ideal para a estreia.

Comércio - Pretende fazer quantos jogos-treino?
Felício - Acho que uns dois ou três e, se possível, com clubes de divisões acima da nossa.

Comércio - Já tem algum jogo definido?
Felício - Certo ainda não. Mas já estamos pensando em alguns, e faremos contato após a reapresentação geral do dia 4.

Comércio - E o fato de alguns clubes que vão disputar a Série A-3 já terem realizado jogos-treino?
Felício - Bom, houve times que começaram a preparação bem antes da gente. Então, tiveram mais tempo de preparação nessa primeira etapa da pré-temporada. Mas posso adiantar que ganhamos muito mesmo no trabalho físico. Treinamos bastante, foi um trabalho forte na parte física e isso é um dos fatores principais para você começar um trabalho forte com bola. Então, nesse aspecto, ganhamos muito. Agora, nós vamos fazer também alguns jogos-treino antes da nossa estreia. É questão de só mais um tempinho para estarmos próximos do nível dos adversários em preparação.

Comércio - Qual seu objetivo principal?
Felício - Como eu já falei, é primeiramente chegar entre os oito primeiros na fase inicial.

Comércio - Quais os favoritos ao acesso?
Felício - Ainda é cedo. Não dá para apontar favorito nesse momento. Vai ser um campeonato difícil. Acho que será um dos mais difíceis de todos os tempos, em se tratando de Série A-3. Tem clubes de tradição e outros que subiram e estão investindo alto mesmo. Caso do Red Bul-SP, que tem condição até de contratar jogadores que pedem salários de R$ 6 mil a R$ 7 mil.

Comércio - Como será ter de trabalhar dentro das condições financeiras atuais do XV, bastante limitadas?
Felício - Tem de se trabalhar profissionalmente. De forma profissional. Trabalhando com vontade, humildade, determinação e esperando os resultados em campo.

Comércio - Tem preferência por horário para os jogos em casa?
Felício - Prefiro de manhã, às 10h. É um horário bom.

Comércio - Fazendo a lição de casa, ou seja, vencendo nos jogos em Jaú, é o suficiente para o XV se classificar?
Felício - É um passo importante, sim. Mas acho que não basta. Temos de buscar também pontos fora de casa. O importante é somar pontos dentro e fora de Jaú.
Comércio - Você lembra de algum momento marcante, de emoção, quando era jogador de futebol?
Felício - Tenho sim, muitas lembranças. Mas eu recordo com muita emoção daquela vitória no Parque Antártica, pelo Campeonato Paulista de 1985. Era uma reta de chegada e uma partida importante para o Palmeiras, em termos de classificação, e felizmente tive a felicidade de marcar o terceiro gol, aquele que nos deu a vitória por 3 a 2. Foi muita emoção mesmo.

Comércio - Um jogo que marcou sua carreira como treinador.
Felício - Aquele em Jaú, em 2005, na segunda fase, quando ganhamos do Rio Claro por 4 a 3. Foi um jogo emocionante.

Comércio - E decepção na carreira de treinador, você teve alguma?
Felício - Sim. Minha maior decepção foi em 2005, pelo fato de não ter ficado aqui, quando estávamos a três partidas do acesso. No returno, quando faltavam apenas três partidas e a gente estava unido e concentrado em buscar uma vaga do acesso, e fui trocado naqueles três jogos finais. Eu lamento não ter ficado para ajudar o XV a conseguir o acesso. Com certeza nosso grupo estava pronto para conseguir o acesso, mas meu trabalho foi interrompido. Então, não pude ficar para ajudar a equipe. Mas tudo bem. Agora é uma outra situação, e temos apenas um ideal: nosso XV de Jaú.

Comércio - Qual foi o melhor treinador durante sua carreira como jogador?
Felício - Todos eles foram bons. Agora, cada um tem um estilo de trabalhar, uma filosofia de trabalho. Mas aprendi muito com todos.

Comércio - Qual a mensagem que você deixa à torcida do XV para 2010?
Felício - Acreditar e ter muito otimismo. Sempre acreditar. Quando a gente acredita na possibilidade de conquistar algo, temos de ir até o fim. Os jauenses sabem que o XV é de Jaú e de todos nós. Todos sabem que o XV é um clube de tradição e isso é muito importante. A torcida jauense com certeza será o 12º jogador em campo. Vamos contar com o apoio de cada torcedor jauense. No mais, que todos tenham um feliz 2010, com muita paz, saúde e realizações.

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